Introdução à programação
com Python em um contexto visual


Definindo e chamando funções

função Uma sequência nomeada de declarações que executa alguma operação útil. As funções podem receber argumentos ou não e podem ou não produzir algum resultado.

Ao programar podemos inventar vocabulário novo na linguagem que estamos usando quando definimos uma função. Essa palavra se comporta exatamente como outras palavras que já vem prontas na linguagem, e encapsula, empacota, alguma ação útil, por meio de um trecho de código, o corpo da função, que é executado quando chamamos a função em um outro momento.

Leia com cuidado estes três exemplos, escritos de maneira genérica, com nomes bobos (nome_da_funcao, outra_funcao, funcao_com_resultado) mas que exemplificam a estrutura da definição de uma nova função. Onde está corpo entram indentadas em relação ao cabeçalho (a linha do def), as ações que a função executa.

Sintaxe para definição de funções

def nome_da_funcao(a, b):  # esta função tem dois parâmetros: a e b (requer dois argumentos)
     corpo  # instruções que a função executa, usando valores dos parâmetros

def outra_funcao():  # esta função não tem nenhum parâmetro (não requer argumentos na chamada)
     corpo  # instruções que a função executa

def funcao_com_resultado(a):  # esta função tem um parâmetro
     parte_do_corpo    # instruções que calculam um valor/resultado
     return resultado  # esta linha também pertence ao corpo da função

# Podemos também ter funções que não requerem argumentos (não tem parâmetros) e devolve resultado.

Sintaxe da invocação, ou chamada, de funções

Vamos ver agora como seria o uso dessas novas palavras, comparando com palavras da linguagem que já vimos antes.

nome_da_funcao(valor, outro_valor)  # esta função precisa de dois argumentos
# um exemplo que já vimos
fill(255, 100)  # pede preenchimento branco tranlúcido

outra_funcao()  # esta função não requer argumentos
# um exemplo de função que não tem parâmetros visto anteriormente
no_fill()  # desliga o preenchimento das formas a ser desenhadas

# O resultado de uma função pode ser usado em uma atribuição, ou dentro de
# outra estrutura
a = funcao_com_resultado(valor)
print(funcao_com_resultado(valor))

# um exemplo de função que devolve resultado visto anteriormente
r = random(256)
# a função inteira usada como argumento de outra função!
fill(random(256), random(256), random(256))

Os parâmetros, quando existem, são nomes lá dentro da definição da função, que recebem os valores dos argumentos usados quando a função é chamada.

Um exemplo de função, uma função olho()

olho

def setup():
    size(400, 400)
    background(0)  # cor do fundo
    # chamando a função olho várias vezes
    olho(300, 100, 100)  # x, y, tamanho
    olho(100, 200, 50)
    olho(200, 300, 75)

# definindo a função olho
def olho(x, y, tamanho):
    """Olho precisa de 3 parâmetros, x e y para posição, e tamanho"""
    no_stroke()
    fill(255)
    ellipse(x, y, tamanho, tamanho / 2)
    fill(0)
    circle(x, y, tamanho * 0.40)

Funções que devolvem resultados

A função olho() desenha um olho mas não devolve nenhum valor, na verdade ela devolve o valor especial None (uma espécie de “nada”), mas é comum termos funções que devolvem algum valor útil como resultado.

As funções que são feitas para devolver um resultado contém a palavra return no seu corpo, seguida do resultado calculado. A instrução return pode aparecer no meio da função, mas sempre que for executada interrompe a execucão da função, devolvendo o fluxo de execução para o ponto onde a função foi chamada.

Se não houver um valor depois de return no corpo, a função devolve o valor especial None, o mesmo que acontece com funções que não tem return, só que no ponto onde está escrito return.

Aqui alguns exemplos:

def cor_sorteada():
    """Sorteia uma cor RGB"""
    r = random(256)
    g = random(256)
    b = random(256)
    cor = color(r, g, b)
    return cor  # instrução que devolve a cor e retorna o fluxo de execução

(função do exemplo anterior em uso)

fill(cor_sorteada())   # pede um preenchimento com uma cor sorteada!
rect(10, 10, 100, 50)

Da mesma maneira todo o tipo de manipulação de valores pode ser encapsulada em uma função.

def media(a, b):
     return (a + b) / 2.

print(media(100, 21))
# resultado: 60.5

Mais um exemplo

def menor_de_idade(idade):
     if idade < 18:
          return True
     else:
          return False

# Poderia ser escrito abreviadamente assim...
# def menor_de_idade(idade):
#     return idade < 18

(função do exemplo anterior em uso)

if menor_de_idade(idade_aluno):
     print('quer um refri?')
else:
     print('quer uma cerveja?')

Alerta: Mágica escondida!

Para que uma função seja executada pelo Python, ela precisa ser “chamada”, também dizemos “invocada”, por meio de seu nome e os parênteses justapostos. Mas se você olhar atentamente, onde estão as chamadas para setup() e draw()?

A biblioteca py5 faz essas chamadas para nós dentro da função run_sketch(), que por sua vez está sendo chamada automáticamente para pelo plug-in thonny-py5mode, quando a opção imported mode for py5 está ligada, no Thonny IDE. A função run_sketch() cuida então de chamar para nós a função setup() logo no ínicio apenas uma vez, e draw() sem parar, no que é conhecido às vezes como “laço principal de animação” do sketch. Da mesma forma, as “funções de evento”, como key_pressed(), e outras tantas, são chamadas pela biblioteca.

Mais detalhes ainda (se você tiver curiosidade): Isso tudo foi feito para simplificar a experiência de quem está programando. Além chamar as funções apropriadas, o plug-in também evita que tenhamos que digitar py5. como prefixo em todas as funções que vem da biblioteca. Então isso tudo é um pouco mágico e pode parecer um pouco confuso. As coisas acontecem de maneira um pouco mais explícita quando usamos o chamado module mode, que é o estilo que tem import py5 no começo do código e termina em geral justamente com py5.run_sketch(). E nesse caso todas as funções que vem da biblioteca precisam do prefixo py5., e ficam assim:

import py5

def setup():
    py5.size(500, 500)
    py5.background(200, 200, 0)
    ...
py5.run_sketch()  # aqui dentro py5 vai chamar, setup(), draw() e as funções de evento

Mas tem ainda outras malandragens ocultas que a biblioteca faz, mesmo no module mode, como desmembrar a função setup() em setup() e settings() para nos facilitar a vida!

Abstração

Você vai ouvir as pessoas falando sobre a ideia de abstração e encapsulamento na programação, isso tem a ver com o poder de se dar um nome a um conjunto coisas que captura de alguma forma a essencia do que esse conjunto faz. Isso é o que fazemos ao criar e nomear uma função. Posteriormente podemos comport abstrações ainda maiores usando funções que criamos anteriormente.

Glossário

encapsulamento O processo de transformar uma sequência de instruções em uma definição de função.

definição de função Uma instrução que cria uma função nova, especificando seu nome, parâmetros e as instruções que contém.

cabeçalho A primeira linha de uma definição de função.

corpo A sequência de instruções dentro de uma definição de função.

parâmetro Um nome usado dentro de uma função para se referir ao valor passado como argumento.

chamada de função Uma instrução que executa uma função. É composta pelo nome da função seguido de uma lista de argumentos entre parênteses, ou caso a função possa ser chamada sem argumentos, só os parênteses (nome()).

argumento Um valor apresentado a uma função quando a função é chamada. Este valor é atribuído ao parâmetro correspondente na função.

valor de retorno O resultado de uma função. Se uma chamada de função for usada como uma expressão, o valor de retorno é o valor da expressão.

função com resultado Uma função que devolve um valor.

None Um valor especial apresentado por funções nulas (circularmente definidas como funções que devolvem o valor None, em lugar de outro valor de resultado).

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